Rosinei Lima Barros e Ânderson Benito relatam viagem à Itália
Arroio
Grande voltou a ocupar o noticiário nacional integrando uma delegação
brasileira que foi a Itália, premiada pelo Programa Cidade Pró Catador
instituído pelo Governo Federal.
Rosinei
Lima Barros, representante do gestor público e Ânderson Benito dos Recicladores
relataram a Rádio Difusora detalhes da viagem realizada a aquele país para
conhecer de perto o trabalho de coleta e reciclagem do lixo, uma experiência
fascinante, pois Arroio Grande como o único município do estado a receber esta
premiação pela presidenta Dilma Roussef, trouxe da Itália o que a população
está fazendo pela preservação do ambiente.
-“Antes
de falar da viagem, gostaria de retroceder no tempo e explicar o motivo da premiação do programa “Cidade Pró
Catador”.
O
programa criado em 2013 é um instrumento de ajuda a Lei dos Resíduos Sólidos
onde o Governo Federal coloca prazos para os municípios se adequarem a lei e
exterminarem os lixões a céu aberto procurando recuperar o máximo possível de
materiais retornáveis possibilitando gerar renda com a inclusão dos catadores
nesse processo.
Pois
bem, baseado nessa prerrogativa, nós os coordenadores do projeto lançamos a
inclusão da cooperativa formando então a coleta seletiva solidária.
Porque
fomos premiados?
A
premiação se deu por ser o projeto de Arroio Grande um dos mais completos do
país, por estabelecer uma Central de Triagem com aterro sanitário com condições
de trabalho e por ter uma inclusão social onde a COOPERATIVA ASSUME TODA A
COLETA DOS RESÍDUOS DOMICILIARES E ORGÂNICOS E AINDA PRODUZ COMPOSTAGEM (quero
deixar claro que não é responsabilidade da cooperativa recolher restos de
construção, móveis velhos ou material provenientes da limpeza de pátios).
Retirar
pessoas das ruas e inseri-las na economia do município como agentes econômicos
e não mais como dependentes econômicos foi o que nos levou a receber esse
prêmio e ter reconhecimento estadual, nacional e internacional. Essa iniciativa
é que foi reconhecida e não somente o trabalho de coleta.
Aqui
no nosso município ainda tem pessoas, embora sejam uma pequena parcela, que
acham que a cooperativa não está cumprindo com seu trabalho. Gostaria de frisar
que achamos estranho e não entendemos que um projeto bem feito, bem elaborado
que tem no Brasil (um país continental) total reconhecimento, não consiga ter
pelo menos o respeito que merece aqui na nossa terra.
Será
que as cidades que hoje nos usam como modelo e que lotam nossos e-mails pedindo
ajuda e querendo conhecer o que foi implantado aqui em Arroio Grande, estão
erradas? Será que o país que nos premiou está errado ou sendo enganado?
Deixo
essas perguntas ao amigo e espero que os arroio-grandenses entendam que aqui
existem pessoas capazes, existem pessoas que trabalham e principalmente pessoas
que procuram ajudar sem esperar nada em troca, que procuram sonhar juntos
desejando uma cidade melhor para os filhos e netos, é por isso que essa semente
foi lançada e no futuro ela será finalmente , se não respeitada pelo menos
aceita por todos e se mostrará como uma das maiores iniciativas que uma pequena
cidade como a nossa se deu ao luxo de começar.
Quanto
a viagem a Itália, foi muito produtiva e bela. Roma é uma cidade encantadora,
para onde se olha , avista-se um período da história estudada nos tempos de
escola. Em Roma existe a “Coleta Diferenciada”, empresas recolhem com caminhões
em horários estabelecidos os resíduos já separados pela população, caso o
cidadão se negue a separar ou não cumpre as normas da coleta, é multado e se
reincidente o valor da multa dobra. Mas como o povo é culto e colaborador os
casos de multa são muito raros.
Ainda
em Roma visitamos um ponto de reciclagem com compostagem que além de gerar
material orgânico (composto) ainda gera energia através do gás metano. Existem
incineradores na Itália, a lei permite que eles queimem o que não serve para
mais nada, logicamente que possuem filtros que devolvem a natureza gazes
limpos.
Visitamos
o embaixador do Brasil na Itália, nos recebeu muito bem e nos elogiou. Deixamos
para o embaixador uma réplica do trem em madeira feito por outro grande artista
da terra Ruam (já que é uma determinação nossa onde formos levar sempre conosco
a possibilidade de lançar para o Brasil e o mundo os artistas da terra). Gostou
do presente e disse que colocaria em cima de sua mesa para que todos que
viessem conversar com ele soubessem sobre a “terra de Mauá”.
Turim
também é uma cidade bem organizada, onde os cidadãos são colaboradores
ambientais, são responsáveis pelo lixo que geram e facilitam ao máximo a
coleta. Existem lugares que recebem o lixo dos moradores que levam e depositam
em compartimentos próprios para cada resíduo.
Visitamos
outras empresas de reciclagem e compostagem nos arredores de Turim e fomos a um
lugar na fronteira com a Suíça, uma pequena cidadezinha com pouco mais de cem
moradias que tem uma máquina que faz o composto e ainda gera aquecimento para
as residências.
Nesse
local existe um galpão na entrada da cidade onde fica a máquina, cada cidadão
possui um cartão magnético que abre a porta do galpão eles entram colocam seu
lixo limpo em local já separado e o orgânico na máquina, saem e fecham
novamente a porta. A máquina trabalha e retém em compartimentos separados o
material por vinte dias e assim segue um ciclo de renovação de material toda vez
que um cidadão coloca o orgânico na máquina.
Essa
tecnologia poderá ser aproveitada aqui em AG, já estamos estudando uma maneira
de adquirir essa máquina ou até mesmo adequar uma ao nosso modelo.
Observamos
que se trata de outra realidade bem distante da nossa, a vinte e cinco anos
atrás a Itália estava um caos no caso dos rejeitos, começou então uma campanha
de educação nas escolas infantis e hoje colhem os frutos de terem uma população
bem educada ambientalmente.
Mesmo
vendo realidades e culturas diferentes, esperamos aproveitar ao máximo tudo o
que foi visto nessa viagem.
Outra
diferença observada é que na Itália não foi preciso incluir catadores no
processo porque lá não existem catadores. No Brasil os catadores são muitos e
precisam ser inseridos nesse ciclo, por isso a política de inclusão se faz
necessária.” (Texto: Jorge
Américo Borges/Rádio Difusora).
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