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terça-feira, 22 de abril de 2014

Prêmio Pró-Catador

Rosinei Lima Barros e Ânderson Benito relatam viagem à Itália

Arroio Grande voltou a ocupar o noticiário nacional integrando uma delegação brasileira que foi a Itália, premiada pelo Programa Cidade Pró Catador instituído pelo Governo Federal.
Rosinei Lima Barros, representante do gestor público e Ânderson Benito dos Recicladores relataram a Rádio Difusora detalhes da viagem realizada a aquele país para conhecer de perto o trabalho de coleta e reciclagem do lixo, uma experiência fascinante, pois Arroio Grande como o único município do estado a receber esta premiação pela presidenta Dilma Roussef, trouxe da Itália o que a população está fazendo pela preservação do ambiente.
-“Antes de falar da viagem, gostaria de retroceder no tempo e explicar  o motivo da premiação do programa “Cidade Pró Catador”.
O programa criado em 2013 é um instrumento de ajuda a Lei dos Resíduos Sólidos onde o Governo Federal coloca prazos para os municípios se adequarem a lei e exterminarem os lixões a céu aberto procurando recuperar o máximo possível de materiais retornáveis possibilitando gerar renda com a inclusão dos catadores nesse processo.
Pois bem, baseado nessa prerrogativa, nós os coordenadores do projeto lançamos a inclusão da cooperativa formando então a coleta seletiva solidária.
Porque fomos premiados?
A premiação se deu por ser o projeto de Arroio Grande um dos mais completos do país, por estabelecer uma Central de Triagem com aterro sanitário com condições de trabalho e por ter uma inclusão social onde a COOPERATIVA ASSUME TODA A COLETA DOS RESÍDUOS DOMICILIARES E ORGÂNICOS E AINDA PRODUZ COMPOSTAGEM (quero deixar claro que não é responsabilidade da cooperativa recolher restos de construção, móveis velhos ou material provenientes da limpeza de pátios).
Retirar pessoas das ruas e inseri-las na economia do município como agentes econômicos e não mais como dependentes econômicos foi o que nos levou a receber esse prêmio e ter reconhecimento estadual, nacional e internacional. Essa iniciativa é que foi reconhecida e não somente o trabalho de coleta.
Aqui no nosso município ainda tem pessoas, embora sejam uma pequena parcela, que acham que a cooperativa não está cumprindo com seu trabalho. Gostaria de frisar que achamos estranho e não entendemos que um projeto bem feito, bem elaborado que tem no Brasil (um país continental) total reconhecimento, não consiga ter pelo menos o respeito que merece aqui na nossa terra.
Será que as cidades que hoje nos usam como modelo e que lotam nossos e-mails pedindo ajuda e querendo conhecer o que foi implantado aqui em Arroio Grande, estão erradas? Será que o país que nos premiou está errado ou sendo enganado?
Deixo essas perguntas ao amigo e espero que os arroio-grandenses entendam que aqui existem pessoas capazes, existem pessoas que trabalham e principalmente pessoas que procuram ajudar sem esperar nada em troca, que procuram sonhar juntos desejando uma cidade melhor para os filhos e netos, é por isso que essa semente foi lançada e no futuro ela será finalmente , se não respeitada pelo menos aceita por todos e se mostrará como uma das maiores iniciativas que uma pequena cidade como a nossa se deu ao luxo de começar.
Quanto a viagem a Itália, foi muito produtiva e bela. Roma é uma cidade encantadora, para onde se olha , avista-se um período da história estudada nos tempos de escola. Em Roma existe a “Coleta Diferenciada”, empresas recolhem com caminhões em horários estabelecidos os resíduos já separados pela população, caso o cidadão se negue a separar ou não cumpre as normas da coleta, é multado e se reincidente o valor da multa dobra. Mas como o povo é culto e colaborador os casos de multa são muito raros.
Ainda em Roma visitamos um ponto de reciclagem com compostagem que além de gerar material orgânico (composto) ainda gera energia através do gás metano. Existem incineradores na Itália, a lei permite que eles queimem o que não serve para mais nada, logicamente que possuem filtros que devolvem a natureza gazes limpos.
Visitamos o embaixador do Brasil na Itália, nos recebeu muito bem e nos elogiou. Deixamos para o embaixador uma réplica do trem em madeira feito por outro grande artista da terra Ruam (já que é uma determinação nossa onde formos levar sempre conosco a possibilidade de lançar para o Brasil e o mundo os artistas da terra). Gostou do presente e disse que colocaria em cima de sua mesa para que todos que viessem conversar com ele soubessem sobre a “terra de Mauá”.
         Turim também é uma cidade bem organizada, onde os cidadãos são colaboradores ambientais, são responsáveis pelo lixo que geram e facilitam ao máximo a coleta. Existem lugares que recebem o lixo dos moradores que levam e depositam em compartimentos próprios para cada resíduo.
Visitamos outras empresas de reciclagem e compostagem nos arredores de Turim e fomos a um lugar na fronteira com a Suíça, uma pequena cidadezinha com pouco mais de cem moradias que tem uma máquina que faz o composto e ainda gera aquecimento para as residências.
Nesse local existe um galpão na entrada da cidade onde fica a máquina, cada cidadão possui um cartão magnético que abre a porta do galpão eles entram colocam seu lixo limpo em local já separado e o orgânico na máquina, saem e fecham novamente a porta. A máquina trabalha e retém em compartimentos separados o material por vinte dias e assim segue um ciclo de renovação de material toda vez que um cidadão coloca o orgânico na máquina.
Essa tecnologia poderá ser aproveitada aqui em AG, já estamos estudando uma maneira de adquirir essa máquina ou até mesmo adequar uma ao nosso modelo.
Observamos que se trata de outra realidade bem distante da nossa, a vinte e cinco anos atrás a Itália estava um caos no caso dos rejeitos, começou então uma campanha de educação nas escolas infantis e hoje colhem os frutos de terem uma população bem educada ambientalmente.
Mesmo vendo realidades e culturas diferentes, esperamos aproveitar ao máximo tudo o que foi visto nessa viagem.

Outra diferença observada é que na Itália não foi preciso incluir catadores no processo porque lá não existem catadores. No Brasil os catadores são muitos e precisam ser inseridos nesse ciclo, por isso a política de inclusão se faz necessária.” (Texto: Jorge Américo Borges/Rádio Difusora).

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